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Cadê Besouro?

Por Reginaldo Spínola
 III Encontro Estadual de Capoeira reuniu crianças e jovens de toda a Bahia, os besouros da atualidade.
Nascido na cidade de Santo Amaro da Purificação, Bahia, o capoeirista Besouro, que teve a sua vida retratada nas telas do cinema, continua vivo. Com a sua arte,  ele influência crianças e jovens do Brasil que vêem a capoeira como instrumento de liberdade e de educação para a cidadania. Foi assim no III Encontro Estadual de Capoeira, que aconteceu entre os dias 10 e 12 de setembro em Itambé. Na AABB, palco das atividades, os participantes, vindos das mais diferentes cidades do estado, mostraram ginga e agilidade nas apresentações.

Entre eles estavam Júnior, 06 anos, Lucas, 07 anos e David, 10 anos. Os pequenos capoeiristas tem sobre as suas mãos e ao alcance dos seus pés a nobre missão de fazer com que as futuras gerações brinquem e aprendam com a capoeira. Sonhos não faltam para que isso se torne possível. “Eu gostaria de repassar as crianças de rua a arte da capoeira”, fala entusiasmado o garoto David Ferreira.

Ele está no caminho certo. Participa há 04 anos do Grupo de Capoeira do Cras (Centro de Referência da Assistência Social) e tem a família como incentivadora. Embora, segundo ele, a mãe o alerte para que tome cuidado com as pancadas fortes.

A capoeira pode ser considerada um jogo, uma dança, ou uma arte marcial. Os grupos que a praticam não defendem a violência. Dentro deles existem normas, criadas com a finalidade de fazerem  seus membros entenderem que o esporte é uma ação pacifica. Pastinha, um dos grandes mestres da capoeira do Brasil,  acreditava que para evitar a violência e acidentes nas rodas era preciso aprender minuciosamente as regras.

Maria de Fátima Oliveira, a baiana, natural da cidade de Itapetinga, diz que um bom capoeirista, aquele definido por ela como respeitador e humilde, não briga, não bebe, tampouco fuma. Com 24 anos, 14 dedicados a capoeira, prestes a se tornar mãe, a moça demonstra um verdadeiro amor e fascínio à arte trazida pelos escravos africanos a centenas de anos para o Brasil. A capoeira foi a sua libertação. “Minha vida mudou bastante depois que passei a fazer parte do Grupo Vôo de Liberdade. Antes vivia em festas, na gandaia”. Este é apenas um exemplo entre vários outros que podem justificar o poder transformador da capoeira.
Durante os três dias do III Encontro Estadual de Capoeira, o público presente no local assistiu a uma verdadeira aula de promoção das expressões características do povo negro com as performances do samba de roda, do maculelê, do puxado de reis e da roda de capoeira, reconhecida em 2008 como património imaterial da cultura brasileira.

Jairo Castro, um dos organizadores do evento, contou que para ele, “é muito significante participar de momentos de interação e aprendizados como este”.

Apoiadores da causa, o prefeito Moacir Andrade e a secretária de assistência social e primeira-dama Cléa Malta acompanharam na noite do sábado, 11,  a programação do encontro, que teve a marca do Grupo de Capoeira Vôo de Liberdade.
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