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Cotidiano:Vidas que se perdem com as balas

Por Reginaldo Spínola
Sentado a beira da porta, observando a mata iluminada, contando as estrelas do céu, ele escuta, vindo da sala de casa, o som da vinheta de abertura do jornal regional. O apresentador chama a primeira notícia, fala da morte de uma criança por bala perdida, ocorrida no Bairro Nordeste de Amaralina, em Salvador. Não hesita e corre pra ver. Ao chegar em frente da tv, se emociona com a narração do acontecido feita pelo repórter.
Não poderia ser diferente. A vida de um menino de 10 anos se perdeu com uma bala, disparada, segundo moradores do local, por quem deveria realizar a segurança da sociedade, os policiais. Joel Santana era o nome dele. Por ironia do destino, mataram o garoto propaganda da Bahiatursa, empresa de turismo do governo do estado.
Em um comercial da instituição, Joel relatou qual era o seu desejo: “O meu mestre é meu pai. Ele ensina até gringo a cantar. Quando eu crescer, quero ser mestre de capoeira”.
Sendo levado pelo próprio corpo, seu João acomoda-se na sua poltrona preferida e percebe a força que possui a realidade para destruir os sonhos. Mas, também reconhece que chega a ser impossível fugir dela.

Todos os dias seu João assiste, por meio do jornal, as diferentes interpretações que são dadas sobre essa realidade. De vez em quando rir, de vez em quando chora. Algumas vezes se anima, outras sente-se impotente. Ou vivencia todos estes sentimentos simultaneamente. O velho herói perdido no sertão nordestino ainda quer encontrar forças para sair em defesa do bem. Só lhe resta descobrir onde e como.

Choca-se com os dramas de famílias como a do Joel. Com a guerra urbana no Rio, que deixou entre outras vítimas uma garota de 14 anos. Ela estava em casa, em frente ao computador, quando foi atingida por uma bala perdida. Mais uma vida se perdeu com a bala. No telejornal, o depoimento da vizinha, que acompanhou a mãe durante o enterro da filha: “Moço, quando vai parar isso? Quando que um inocente vai parar de pagar por um culpado?”
João muda de canal. No seguinte, vê policiais dominando morros, traficantes debandando pelos matos, tanques de guerra nas ruas, fuzis e escopetas em circulação, gente correndo pra lá e pra cá. Não é filme de ação. A guerra urbana continua. Quando está história terá um final feliz? Desta vez quem pergunta é seu João.


Veja o vídeo da Bahiatursa, protagonizando por Joel Santana, que fala da Nova Bahia.



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2 Comentários

Luiz Pedro Passos 30 de novembro de 2010 - 00:52

Obrigado!!!

Obrigado pelo retorno positivo, por acessar o Itambé Agora, o blog da cidade!!!

Anônimo 30 de novembro de 2010 - 00:33

Lindo demais

Comentários estão fechados.

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