Início Noticias Os 40 anos do Lambari e Tubarão – 1ª parte

Os 40 anos do Lambari e Tubarão – 1ª parte

Por Reginaldo Spínola

Lambari
e Tubarão: Reflexos do Passado
Por Luiz Pedro Passos e Priscila Bittencourt 
 
O município de Itambé,
situado na região sudoeste da Bahia, desde a sua origem tem uma história
marcada pela existência de conflitos entre grupos distintivos, cuja finalidade
sempre é a busca pela dominação. A mais conhecida destes situa-se no campo
político e surgiu em 1971 com a criação de duas facções, tão parecidas quanto
antagônicas: o lambari e o tubarão.
Porém, o primeiro
aconteceu há mais de 100 anos atrás. No final do século XIX uma intensa seca
abateu a Bahia gerando fome e miséria. Ao mesmo tempo o fanatismo religioso
ganhou corpo e por conta da sua contraposição a república estimula o início de
uma guerra civil.
Em busca de
sobrevivência e de terras férteis onde pudessem plantar e colher, muitas
famílias partiram em direção ao litoral do estado. Duas delas ao descerem a
serra do Marçal se encantaram com o vale verdejante que encheu os seus olhos de
esperança. Seus chefes eram Manuel Balbino da Paixão e Manuel Raimundo da
Fonseca. Essa região era dominada por tribos indígenas, a dos Pataxós e a dos Mongóis,
que defendiam os teus territórios com bravura. Não se sabe ao certo como os
Manoeis conseguiram convencer os indígenas de aceitar as suas instalações no
local.
Dias depois resolveram
seguir viagem novamente. Desejavam encontrar terras que fossem boas para a
lavoura e a pastagem. Chegaram aonde hoje é Itambé. Junto ao Riacho de Santa
Maria, afluente esquerdo do Rio Verruga, começaram a desenvolver a agricultura
e a pecuária.

Inúmeros colonos foram
atraídos para lá, o que ocasionou conflitos com os índios pataxós. Para impedir
o início de uma batalha sangrenta fizeram um tratado estabelecendo que o lado
direito do Rio fosse ocupado exclusivamente pelos índios e o outro lado
pertenceria aos desbravadores. Contudo, porém, com a chegada de uma nova família
que buscava prosperidade, os ânimos se alteraram. A luta pelas terras provocou
um grande conflito entre os índios e os povoadores. As famílias devotas e
ligadas a religião católica se puseram a rezar e a pedir a intercessão de São
Sebastião pela paz.  

Uma capela, onde hoje é
a Igreja Matriz de São Sebastião, padroeiro da cidade, foi edificada. Ela era
uma espécie de barreira, armada objetivando também atenuar os ataques dos
índios aos colonos. O lugar se pacificou, cresceu e se tornou um povoado,
herdando o nome do rio que o corta, o Verruga, e sendo pertencente ao município
de Vitória da Conquista.
Em 12 de agosto de 1927
o povoado adquiriu a sua emancipação política e foi elevado a categoria de
Vila, passando a se chamar Itambé, que em tupi-guarani significa pedra afiada.
O coronelismo, forte
naquela época em todo o Brasil, se enraizou também na política itambeense. O
primeiro intendente da Vila, o senhor Ascendino Melo era apoiado pelos
coronéis, Felizário Ferraz, Silvio Correia, Gentil
Flores, Cícero de Oliveira Santos, Henrique Brito, Rogaciano Nolasco e Flaviano
Ferraz dos Santos. Nas décadas seguintes essa prática política arrebatou novos
seguidores. Jorge Heine e Osório Ferraz, inimigos políticos declarados, eram
dois destes discípulos. Heine era fazendeiro, médico e dono de um jornal, o
Nova Era. Ferraz, por sua vez, era amigo de Antônio Marques Martins da Silva,
dono do Jornal A Voz do Povo.  O embate,
portanto, não ficava restrito aos palanques, mas ganhava as folhas parciais dos
veículos de comunicação da época. Os dois jornais buscavam construir uma
opinião pública que fosse alicerçada em seus interesses particulares. Falava-se
bem daqueles políticos com quem mantinham estreita relação. Falava-se mal
daqueles que eram contrários. Reproduziam discursos hegemônicos que
possibilitavam a construção de mundo das pessoas sob os prismas que achavam
mais conveniente.
O
Lambari e o Tubarão, fundados logo depois, irão ser, na verdade, o reflexo tão
fiel quanto deformado dos seus antecessores.
Parte do conto-reportagem sobre os 40 anos do Lambari e Tubarão escrito para a disciplina de Análise e Produção de Narrativas Jornalísticas do curso de Comunicação Social da UESB.

Em breve descubra como começou o Lambari e Tubarão aqui no Itambé Agora.

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