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Leia e Entenda

Por Reginaldo Spínola
Comunicação Comunitária

É na planície da realidade humana que ocorrem os conflitos da subsistência humana, constituindo-se, portanto, o terreno pelo qual o jornalismo regional se desenvolve, na tentativa de garantir aos protagonistas locais que cheguem a um bom tempo para os conflitos que produzem ou em que se envolvem na luta por viver ou fazer história. (Chaparro, 1996, p. 54)
Então as comunidades excluídas garantem o direito inalienável de ter voz por meio da comunicação comunitária e popular.  Peruzzo (1998, p. 125) fala que a comunicação comunitária e popular:

Encerra uma crítica da realidade e um anseio de emancipação, na luta por uma sociedade justa. Como produto de uma situação concreta, seu conteúdo, nos   últimos anos, é essencialmente configurado por denúncias das condições reais de       vida, oposição das estruturas de poder geradoras de desigualdades, estímulo à participação e à organização, reivindicações de acesso a bens de consumo coletivo etc.

Nessa comunicação, o excluído quer, e passa a ser, o protagonista. Ele pretende deixar de ser somente receptor para ser emissor da informação, em uma troca efetiva dentro da sua comunidade e com as demais que se encontram na mesma situação de exclusão.

Para Barale (2004, p. 157): “La comunicación popular no puede seguir aceptando um emissor que habla y um receptor o receptora que escucha, sino que tiene que generar las condiciones para que se dé la oportunidad a todos, de ser alternadamente emisores y receptores. No más locutores y oyentes, sino inter-locutores.”

Interlocutores que lutam e nas diversas causas as quais buscam comunicar tem uma que é comum a todos: a pobreza.

A percepção de que a situação de exclusão só pode ser resolvida de forma coletiva e que a comunicação pode servir como meio de denúncia e de alerta para a consciência dessa situação levam à participação e ao envolvimento no processo.

Dentro desse contexto, é possível, agora, analisar o papel do jornalista na comunicação comunitária e popular. Um jornalista comprometido com as causas sociais tem como função possibilitar o acesso e a participação das comunidades excluídas aos meios para produção de comunicação.

Spenillo (1998) diz que o papel daquele que se propõe a atuar junto às comunidades populares deve ser o de construir com o grupo formas de “autonomização” destes grupos, para que eles não se tornem dependentes do profissional de comunicação.
Por isso muitas vezes o comunicador (jornalista) precisa reformular conceitos. O primeiro momento é o de contato com a comunidade e de percepção das necessidades de comunicação que a comunidade tem: falar para a própria comunidade e para fora dela. Colocar em discussão a realidade em que está inserida e, a partir dela, construir coletivamente esse processo de comunicação.
A prática da comunicação comunitária, para Spenillo (1998, p. 263), é de interesse dos grupos populares; a falta dela é sentida como uma deficiência que impede o crescimento do grupo e chega-se à conclusão de que é possível aos integrantes da comunidade desempenhá-la.
A comunicação comunitária e popular quebra a concepção elitista do discurso competente, definido por Marilena Chaui como aquele de quem sabe para os que desconhecem e tão propagado pelos meios de comunicação de massa. 
 Cicília Peruzzo (1979, p. 77) explica que nessa comunicação “está implícito o sentido de um processo de participação popular autônoma, da gestão à produção de conteúdos, ou seja, trata-se de uma comunicação destinada a atender demandas locais mediante o exercício da cidadania a partir dos próprios cidadãos”.
O jornalista deve somar esforços no sentido de possibilitar o acesso dessas comunidades a uma produção autônoma e, para isso, leva as ferramentas do seu conhecimento técnico até elas. Ele torna-se participante de um processo de mobilização, do qual a comunicação é a porta-voz, contribuindo para modificar a realidade de exclusão dessas comunidades. Passa a ser um profissional que atua em conjunto com o grupo e desempenha, de fato, o papel social do jornalismo.
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