Então as comunidades excluídas garantem o direito inalienável de ter voz por meio da comunicação comunitária e popular. Peruzzo (1998, p. 125) fala que a comunicação comunitária e popular:
Encerra uma crítica da realidade e um anseio de emancipação, na luta por uma sociedade justa. Como produto de uma situação concreta, seu conteúdo, nos últimos anos, é essencialmente configurado por denúncias das condições reais de vida, oposição das estruturas de poder geradoras de desigualdades, estímulo à participação e à organização, reivindicações de acesso a bens de consumo coletivo etc.
Nessa comunicação, o excluído quer, e passa a ser, o protagonista. Ele pretende deixar de ser somente receptor para ser emissor da informação, em uma troca efetiva dentro da sua comunidade e com as demais que se encontram na mesma situação de exclusão.
Para Barale (2004, p. 157): “La comunicación popular no puede seguir aceptando um emissor que habla y um receptor o receptora que escucha, sino que tiene que generar las condiciones para que se dé la oportunidad a todos, de ser alternadamente emisores y receptores. No más locutores y oyentes, sino inter-locutores.”
Interlocutores que lutam e nas diversas causas as quais buscam comunicar tem uma que é comum a todos: a pobreza.
A percepção de que a situação de exclusão só pode ser resolvida de forma coletiva e que a comunicação pode servir como meio de denúncia e de alerta para a consciência dessa situação levam à participação e ao envolvimento no processo.
Dentro desse contexto, é possível, agora, analisar o papel do jornalista na comunicação comunitária e popular. Um jornalista comprometido com as causas sociais tem como função possibilitar o acesso e a participação das comunidades excluídas aos meios para produção de comunicação.
A comunicação comunitária e popular quebra a concepção elitista do discurso competente, definido por Marilena Chaui como aquele de quem sabe para os que desconhecem e tão propagado pelos meios de comunicação de massa.
Cicília Peruzzo (1979, p. 77) explica que nessa comunicação “está implícito o sentido de um processo de participação popular autônoma, da gestão à produção de conteúdos, ou seja, trata-se de uma comunicação destinada a atender demandas locais mediante o exercício da cidadania a partir dos próprios cidadãos”.