Início Noticias Jovem Itambeense morre durante tentativa de ocupação de terreno em São Paulo

Jovem Itambeense morre durante tentativa de ocupação de terreno em São Paulo

Por Reginaldo Spínola
A tentativa de ocupação de um
terreno na madrugada deste domingo (3) terminou com a morte do itambeense e
metalúrgico Fernando Neris Ferraz, de 22 anos. O caso ocorreu no Jardim Record,
em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Fernando foi atingido por um tiro
durante a ação de agentes da Guarda Municipal que buscavam impedir a ocupação
do terreno.
Fernando era filho de Florisvaldo
Ferraz, ex-kombeiro, que durante muito tempo fazia linha de transporte
alternativo de Itambé a Vitória da Conquista e a Sra. Eliene Neris, ambos
moradores de Itambé.
Não se sabe dizer se o disparo
foi feito pela própria GCM ou alguém que estava no local. Todos os GCMs
disseram que fizeram apenas disparo de alerta, para o alto.
O tumulto entre cerca de 100
sem-tetos e 12 guardas municipais ocorreu por volta da 1h30, da madrugada deste
domingo. Testemunhas negam confronto, dizem que a Guarda Municipal reprimiu a
ocupação e que o disparo partiu de uma agente da corporação.
Segundo Karine Pereira Santos,
mulher da vítima, o marido avisou que iria participar da invasão e deixou o
imóvel alugado onde moram às 22h44 de sábado (2).
Ela conta que só soube no meio da
madrugada deste domingo sobre o assassinato. “Às 3h recebi a notícia que
ele tinha sido baleado. E o pior de tudo, por uma policial”, disse Karine
(veja vídeo com depoimento de Karine abaixo).
Juntamente com o irmão e amigos,
Fernando tinha se juntado recentemente a um grupo de luta por moradia. De
acordo com eles, essa foi a primeira participação deles em uma atividade.
“Tá, era errado (invadir), mas ninguém escolhe isso. Não é fácil pagar
aluguel. Não é fácil viver a vida que a gente vive. Ele não foi lá porque ele
era um vagabundo. Ele era um trabalhador, só queria uma oportunidade”,
desabafou Karine.
Na porta da delegacia, ela
segurava quatro cápsulas deflagradas e relatava que elas foram recolhidas no local
onde o marido foi morto, segundo ela, por uma guarda civil. “Até falam
muito que eu sou ciumenta, que eu prendia muito ele. E na primeira oportunidade
que ele teve de fazer alguma coisa, se foi, assim de um jeito tão ruim”,
afirmou Karine.
O pintor Diego Arcanjo Gabriel também apontou uma agente da Guarda Civil como responsável pelo disparo. Ele acredita que o mesmo tiro que matou Ferraz o atingiu antes de raspão. Ele esteve nesta tarde na delegacia prestando depoimento.

Irmão do metalúrgico assassinado,
o jovem Diego Neri Ferraz conta que estava no terreno quando houve a ação da
Guarda Municipal. “Não teve confronto. Eles já chegaram atirando. Primeiro
atiraram bomba de efeito moral, todo mundo saiu já com o olho ardendo, todo mundo
reclamando, se afastou”, conta Diego Ferraz.

“Depois, juntou todo mundo
novamente e eles voltaram revidando com bala de borracha. Aí a população
começou a jogar pedras neles. Eles começaram a atirar com revólver para cima.
Quando a gente foi olhar meu irmão já estava baleado”, afirma Diego
Ferraz.
Secretário diz que apura disparo
O secretário de Comunicação da
cidade, Daniel Borges, disse está sendo apurado de onde partiu o tiro. “Não se
sabe dizer se o disparo foi feito pela própria GCM ou alguém que estava no
local. Todos os GCMs disseram que fizeram apenas disparo de alerta, para o
alto”, disse.
Daniel Borges afirmou que a
maioria dos guardas disparou tiros com balas de festim para tentar dispersar o
grupo. Ele disse, no entanto, que os guardas possuem armamento letal, por isso
foi realizada perícia para verificar a presença de pólvora nas mãos dos
envolvidos e as armas estão em posse dos responsáveis pela investigação do
caso.
Ocupação de área municipal
O terreno pertence à Prefeitura e
fica ao lado de uma Unidade Básica de Saúde e de uma escola. O grupo tentou
ocupar a área por volta das 8h30 deste sábado (2) e a GCM já havia retirado as
pessoas do local. Por volta da 1h, segundo a Prefeitura, guardas passavam pela
região quando flagraram uma nova tentativa de invasão.
Foi pedido reforço e cerca de
meia hora depois começou o tumulto. “Houve confronto, eles jogaram pedras,
paus, quebraram uma viatura, um GCM foi ferido”, disse o secretário.
O caso será investigado pelo 1º
Distrito Policial da cidade. Segundo a Prefeitura, não havia mais nenhum
sem-teto no terreno neste domingo. Guardas fazem a segurança da área, que deve
ser utilizada para a construção de um novo equipamento público.
O corpo de Fernando Ferraz, que está
sendo transportado de São Paulo para Itambé, saiu de Taboão da Serra, por volta
das 4:00h, da madrugada desta segunda-feira, com previsão de chegada, no final
da noite de hoje. O velório acontecerá na Igreja Quadrangular, localizada
próxima a Rádio Luz.  

Informações e imagens: G1 SP

Compartilhe esse post com seus amigos

mais Postagens interessantes

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site. Ao clicar em "aceitar" assumiremos que você concorda com o uso que fazemos dos cookies. Concordo Clique AQUI e tenha mais informações

Política de Privacidade