Algumas escolas de Porto Seguro, no sul da Bahia, estão permitindo que os professores façam a leitura da Bíblia nas salas de aula. A atividade foi iniciada depois do dia 5 de junho, quando a prefeita sancionou o decreto, antes aprovado pela Câmara de Vereadores do município.
O decreto autoriza que todas as escolas públicas e particulares tenham um momento diário de leitura de versículos bíblicos. A atividade é opcional e não há detalhes do número total de escolas que já aderiram à leitura.
O projeto de lei foi proposto pelo vereador Kempes Rosa. De família evangélica, ele acredita que a leitura diária dos versículos bíblicos transmite valores importantes para a formação do cidadão. “Nela [a Bíblia] tem mensagens como honrar o pai e a mãe, como proteger as pessoas, amar as pessoas sempre e amar a um Deus sob todas as coisas. O mundo hoje, as pessoas estão aí fora tentando se destruir. Eu acho que é importante passar uma mensagem de paz, hamonia”, disse.
Em uma das escolas da cidade, o decreto contou com o apoio de professores, pais e alunos. “O que é a ética? O que é a moral? O que é o respeito pelo próximo? O que é a caragem, sabedoria, paciência a tolerância? Tudo o que eles [os estudantes] têm que ter na infância, na juventude”, disse a professora Elizabeth Doro.
O decreto já está nos murais dos pátios das escolas. Contudo, a prefeitura disse que nem vai obrigar a leitura em sala de aula, nem vai comprar Bíblias por conta da lei. “Isso [a leitura] está permitido, mas é de forma facultativa”, reforçou Josemar Siquara, chefe do gabinete da prefeitura.
A Lei Municipal está sendo investigada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). O promotor da área da educação, Wallace Barros, informou que vai recomendar a revogação da lei pela Câmara e a suspensão da leitura à Secretaria Municipal de Educação, alegando que nenhum órgão público pode impor preceitos religiosos, pois além de indicar intolerância religiosa, descumpre uma lei maior, a Constituição Brasileira, que diz que o Brasil é estado laico, logo não pode apoiar e nem se opor a nenhuma religião. // G1