“Antes de eu chegar na passarela, começaram a gritar ‘viado’, ‘lixo’, ‘tem que matar esse lixo’, ‘tomara que o Bolsonaro ganhe para matar esse lixo’.
Uma transexual foi agredida no último sábado (6), na cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Segundo relato da vítima, a técnica de enfermagem Julyanna Barbosa, de 41 anos, o espancamento foi precedido de gritos homofóbicos e apologia ao candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro.
De acordo com ela, o nome de Bolsonaro está sendo usado para justificar agressões à população LGBT no Brasil, sejam apoiadores do candidato ou não. O caso foi registrado na 53ª DP (Mesquista) como lesão corporal por homofobia.
Ao UOL, Julyanna contou que voltava de uma boate na Rua da Lama, no bairro Califórnia, por volta das 8h, quando foi abordada por quatro homens.
“Antes de eu chegar na passarela, começaram a gritar ‘viado’, ‘lixo’, ‘tem que matar esse lixo’, ‘tomara que o Bolsonaro ganhe para matar esse lixo’. Aí começaram a falar de doença, ligado a AIDS, e acho que isso é pegar pesado, então reagi: disse: ‘Fala na minha cara.’ Um dos caras pegou uma daquelas barras de ferro de segurar barraca e bateu na minha cabeça. Cai ao lado da Dutra. ‘Tontiei’ e estou cheio de marcas. Botei a mão no pescoço e vi que estava cheio de sangue”, contou a vítima, que está com hematomas por todo o corpo.
Ela relatou que, após a agressão, ficou “muito triste” com o ocorrido porque teve ajuda de poucas pessoas. “Enquanto isso, eu era executada como um bicho.” Juliana afirmou que, depois de ter sido espancada, conseguiu se levantar e fugir do grupo. Quando chegou em casa, seus irmãos a socorreram para a UPA de Queimados. Julyanna levou dez pontos na cabeça.
Os casos de homofobia na região da Baixada Fluminense são comuns, mas pioraram nos últimos tempos, segundo Barbosa. “Esses escrotos usam essa coisa (do Bolsonaro). Estão usando isso para nos atacar. De repente, nem é eleitor dele, mas usam isso como desculpa. Estão falando como se fosse legal isso de agredir (transexual)”, observou.
Famosa por ter sido a primeira transexual a cantar funk e conhecida no meio artístico como Garota X – Mulher Banana, Julyanna garante que, apesar do ataque, não vai se esconder: “Vou levar minha vida normal. Ninguém pode tirar meu direito de ir e vir.”