A recém-nascida filha de Rafaela de Jesus Silva, de 28 anos, também foi infectada pelo novo coronavírus. Rafaela tinha 28 anos e morreu vítima da doença no dia 1° de abril, em Itapetinga. Segundo o pai do bebê, Erisvaldo Lopes dos Santos, 47 anos, a menina está isolada e não apresenta sintomas. Ela tem apenas 13 dias de vida.
“O resultado saiu na tarde desta terça (7). Todas as pessoas que tiveram contato com a Rafaela fizeram os exames, mas só a Alice que testou positivo”, contou Erisvaldo.
Ao todo, sete pessoas da família de Rafaela, incluindo Erisvaldo e a recém-nascida, fizeram o exame para coronavírus. Todos vão continuar isolados na casa onde moram, em Trancoso, na cidade de Porto Seguro.
“Ela [filha de Erisvaldo e Rafaela] não apresentou nenhum sintoma, graças a Deus! Ela está comendo direitinho, está muito bem. Uma amiga minha está cuidando dela, nem eu estou tendo contato”, contou.
Uma amiga de Erisvaldo está cuidando da bebê. Ele conta que tem seguido todas as orientações de prevenção ao novo coronavírus.
“Ela fica no quarto e, às vezes, na sala, mas estamos tendo todo o cuidado do mundo. Minha amiga sempre fica de luvas e com máscara. A casa está higienizada, e estamos cumprindo o pedido do pessoal da saúde, de ficar em casa por pelo menos mais uma semana”, disse o marido.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Seguro confirmou que Alice testou positivo para Covid-19 e que os outros seis familiares dela tiveram os exames negativos. O órgão informou que o caso foi incluído nos dados da cidade de Itapetinga, segundo orientações da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).
A mãe da recém-nascida, Rafaela Silva, foi a sétima paciente a morrer infectada pelo coronavírus na Bahia. A mulher, que era professora e estudante de pedagogia, era casada com Erisvaldo há sete anos.
“A filha era o sonho dela. Ela também queria muito crescer comigo na empresa”, contou o marido.
Erisvaldo diz que a esposa era batalhadora e não desistia facilmente dos sonhos. E a pequena Alice é prova disso. Rafaela não podia engravidar e recorreu a uma fertilização em 2019.
Com o nascimento de Alice no dia 25 de março deste ano, Rafaela imaginava que o destino seria ver a filha crescer, assim como a expansão da carreira de professora e dos negócios que tinha com o marido.
“Quando ela descobriu que não podia engravidar, fomos para outro método. Na fertilização, de primeira, ela ficou grávida. Era o sonho dela”, contou Erisvaldo.
Ainda de acordo com ele, Rafaela estava no último ano do curso de Pedagogia e passava a semana na cidade de Itaju do Colônia. Aos finais de semana, ela percorria quase 280 km até o distrito de Trancoso, em Porto Seguro, para ajudar o marido na empresa de turismo dele.
Erisvaldo não sabe dizer como Rafaela foi infectada. As secretarias de Saúde de Itapetinga e da Bahia também não têm a informação.
Caso
Assim como ainda é forte na memória de Erisvaldo a personalidade, o carinho e a persistência da esposa, ele também relembra como a mulher começou a passar mal antes de ser internada e morrer.
Eles estavam em Itapetinga, já que era desejo de Rafaela que o parto ocorresse no local, pois tinha preferência por um obstetra que havia realizado o parto de uma prima dela. Cerca de seis dias após o parto, ela começou a sentir falta de ar.
Erisvaldo disse que levou Rafaela na UPA, como solicitado pela esposa, junto com uma prima dela. No local, de imediato ela já foi isolada e depois disso ele não viu mais a esposa. Disse ainda que a mulher chegou na unidade de saúde febril, com 37ºC.
G1