Na próxima quinta-feira (4), o Dia Mundial do Câncer vai alertar a população acerca da necessidade diária de ações anticâncer, tanto por parte da população, como das autoridades governamentais e instituições de saúde. O cenário de pandemia de covid-19 representou um enorme retrocesso na prevenção, no diagnóstico precoce e nos tratamentos de câncer em curso, fato que já começou a repercutir no diagnóstico tardio e que tende a se manifestar através do aumento da mortalidade pela doença no futuro. A prevenção continua sendo a melhor arma no combate ao câncer.
Não fumar e combater o tabagismo; evitar bebidas alcoólicas; manter uma alimentação saudável, com alimentos ricos em fibras naturais, carnes brancas, cereais, frutas e legumes; reduzir o consumo de carnes vermelhas ou processadas; manter o peso adequado; vacinar-se contra HPV e Hepatite B; manter a prática regular de atividades físicas; fazer a profilaxia contra agentes infecciosos como vírus e bactérias; proteger-se contra os raios solares e manter as consultas e exames de rotina em dia são algumas das atitudes que podem fazer a diferença na prevenção e no combate contra o câncer. “Hábitos saudáveis são a chave para a longevidade com qualidade de vida. Precisamos adotá-los urgentemente”, recomendou a oncologista presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Regional Bahia (SBOC-BA) e integrante do Grupo “Mulheres na Oncologia”, Renata Cangussu.
Números – Os 10 tipos de câncer mais comuns em 2020 foram responsáveis por mais de 60% dos casos de câncer recém-diagnosticados e mais de 70% das mortes pela doença. O câncer de mama feminino é o tipo mais comum em todo o mundo (11,7% do total de casos novos), seguido por câncer de pulmão (11,4%), câncer colorretal (10,0%), câncer de próstata (7,3%) e câncer de estômago (5,6%). Com medidas preventivas simples, é possível evitar ou reduzir as chances de surgimento desses tumores, até mesmo nas pessoas que apresentam predisposição hereditária.
Diversos estudos apontam que a mortalidade por câncer nos próximos meses e anos deve aumentar consideravelmente devido às mudanças de rotinas das pessoas e dos serviços de saúde ocasionadas pela pandemia. Dados da Globocan 2020 estimam que a carga global de câncer tenha aumentado para 19,3 milhões de novos casos e 10 milhões de mortes em 2020. Quando projetadas para 2040, as estimativas sobem para cerca de 30 milhões de casos, um aumento de 47% em relação ao observado em 2020. “O impacto negativo da pandemia nos números mundiais relacionados à incidência e mortalidade por câncer ficará muito mais perceptível ainda no futuro, infelizmente”, declarou Renata Cangussu.
Segundo o Globocan 2020, os países classificados como de baixo ou médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) terão os maiores aumentos de incidência de câncer até 2040, com 95% e 64% de acréscimo, respectivamente, a partir de 2020. O maior impacto proporcional é esperado na África, com mais 89,1% de novos casos, seguido da América Latina, com mais 65,6%, e Ásia, com mais 59,2%. A maior incidência nesses países reflete a mudança de hábitos de vida, com tendência à adoção de costumes comuns atualmente em países com IDH alto e muito alto: tabagismo, dieta não saudável, excesso de peso corporal e sedentarismo. “No Brasil, como nos demais países, o que podemos fazer para minimizar as consequências da pandemia é reforçar as medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce do câncer”, frisou a oncologista.
Câncer de pulmão – Em termos de mortalidade, embora tenha havido redução em alguns países como os Estados Unidos, o câncer de pulmão continua na frente, com 18% do total de mortes por câncer, seguido por câncer colorretal (9,4%), câncer de fígado (8,3%), câncer de estômago (7,7%) e câncer de mama feminino (6,9%). A redução da mortalidade por câncer de pulmão deve-se, sobretudo, a ações de combate ao tabagismo realizadas em várias partes do mundo e aos avanços nos tratamentos.
Câncer de mama – Com 2,3 milhões de novos casos, um em cada oito cânceres em 2020 foi de mama. A doença está à frente, inclusive, do câncer de pulmão, em número de diagnósticos, e configura-se como a quinta causa de mortalidade por câncer, com 685 mil óbitos em 2020. Nas mulheres, a doença é responsável por um em cada quatro casos de câncer e um em cada seis mortes por câncer. Para esse tipo de tumor, além da prática atividade física, manutenção do peso corporal adequado, adoção de uma alimentação saudável e redução do consumo de bebidas alcoólicas, a amamentação também é um fator protetor.
Outros tumores – Em incidência, após o câncer de pulmão, nos homens aparecem o câncer de próstata e o colorretal. Já para a mortalidade, o câncer de fígado e o colorretal ocupam as posições seguintes. Entre as mulheres, o câncer de mama é o tipo mais frequente e a principal causa de morte por câncer, seguido por câncer colorretal e câncer de pulmão para incidência. No quesito mortalidade, estão o câncer de pulmão e o câncer colorretal.
“As pessoas precisam entender que a prevenção possível deve ser feita no dia a dia. Atualmente, uma em cada cinco pessoas em todo o mundo desenvolve câncer durante sua vida; um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres morrem da doença. Cabe não só às autoridades o desenvolvimento de ações conjuntas para mudar esse cenário, mas também a cada pessoa a adoção de hábitos saudáveis de vida”, finalizou a oncologista clínica Renata Cangussu.
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