Ao menos 21 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas em uma operação policial que teve início na madrugada desta terça-feira (24), na Vila Cruzeiro, comunidade do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Entre as vítimas, figura ao menos uma moradora.
Vinte dos corpos foram levados ao Hospital Estadual Getúlio Vargas. Entre eles não está o de Gabriele Ferreira da Cunha, 41 anos, moradora da região. Sua morte foi confirmada pela Polícia Militar.
Segundo a PM, o objetivo da operação o objetivo da operação era prender líderes do Comando Vermelho. Os policiais afirmam que a região tem abrigado membros da facção vindos de outras comunidades do Rio, como Jacarezinho e Chapadão, e também de outros estados, do Norte e do Nordeste.
O confronto começou quando, segundo a PM, agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais), da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal foram atacados a tiros. Moradores relatam disparos desde as 4h da madrugada. No começo da manhã, a polícia registrava 11 mortes.
Depois de uma breve trégua, tiroteios voltaram a ocorrer no fim da manhã. O número de mortos subiu para 21. Uma viatura da Polícia Civil que fazia perícia na região foi encurralada e um agente foi baleado no rosto.
Por causa da operação, 19 escolas da região tiveram que fechar, segundo informações da Secretaria Municipal de Educação. Nas redes sociais, moradores expressaram desespero e frustração com a situação:
Estamos no lugar mais seguro da nossa casa, o beco.
As rajadas ecoam nos nossos ouvidos e chega a doer.
Pq vcs não se mudam? Pq não temos condição e a nossa condição no momento é estar aqui.
Não desejo a ninguém o que passamos nesse territórios. pic.twitter.com/z016WOtjl8— Nega Rê 🏴 (@RenataTrajano1) May 24, 2022
Pelo menos outras duas operações policiais acontecem hoje no Rio. Em Realengo, na zona oeste, a Polícia Civil cumpre 20 mandados de prisão no âmbito da Operação Jardim Suspenso, que visa desarticular a facção Amigos dos Amigos. No Morro do Cruz, no Andaraí, a PM realiza ação dois dias após a morte de um ajudante de cozinha que teria entrado no território por engano, em assassinato atribuído à facção Terceiro Comando Puro.
As operações ocorrem um ano depois da ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, em maio de 2021. Na ocasião, a ação resultou em 28 mortes. A Polícia Civil, que comandou a operação, afirmou na época que houve confronto entre agentes e traficantes. Moradores disseram que parte das vítimas não tinha envolvimento com crimes e estava rendida.
NexoJornal