Início Bahia Prefeito e candidato a prefeito de Ilhéus são alvos de operação da PF

Prefeito e candidato a prefeito de Ilhéus são alvos de operação da PF

Por Reginaldo Spínola

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 26, a Operação Barganha, que investiga crimes de fraude à licitação e desvios de recursos públicos em contratos da Prefeitura de Ilhéus, no interior da Bahia. O prefeito da cidade, Mario Alexandre (MDB), é alvo de buscas, segundo a TV Globo.

De acordo com a emissora, Bento Lima (PSD), candidato a prefeito apoiado por Mario Alexandre nas Eleições 2024 e ex-secretário de Gestão de Ilhéus, Jefferson Domingues Santos, ex-procurador-geral da cidade, e outras duas pessoas e duas empresas também são alvos da operação. O Terra entrou em contato com os citados na matéria e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestações.

A PF cumpre 17 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, nos municípios baianos de Ilhéus, Itabuna, Salvador, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista. Além disso, foram deferidas quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados e apreensão de valores.

As investigações da Operação apontam que existia um esquema de pagamento de propina a agentes públicos para que as empresas investigadas fossem beneficiadas com contratos na cidade.

“Os ajustes entre empresários e agentes públicos eram realizados antes mesmo da realização da licitação e definiam a empresa que seria vencedora”, informou a PF.

Os investigadores ainda constaram o superfaturamento dos serviços em vários contratos, fraude documental, crime de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Conforme a corporação, os contratos investigados envolvem valores superiores a R$ 45 milhões. Os desvios de recursos aconteceram nas áreas de saúde, educação e limpeza urbana.

Segundo a TV Globo, durante a operação, as equipes encontraram na casa de um dos investigados mais de R$ 700 mil em espécie.

Os investigados poderão responder pelos seguintes crimes, de acordo com a PF:

  • frustação do caráter competitivo da licitação;
  • fraude em licitação ou contrato;
  • corrupção passiva;
  • corrupção ativa;
  • falsidade ideológica;
  • organização criminosa; e
  • lavagem de dinheiro.

Detalhes da investigação

Conforme a Globo, as investigações se baseiam na delação premiada de um alvo de uma outra operação da PF que apurou desvio de dinheiro federal destinado ao enfrentamento da covid-19.

Na delação, o colaborador afirmou que o prefeito Mario Alexandre negociou o recebimento de propina em um contrato de serviços de coleta de lixo, fechado de forma irregular pela Prefeitura. Mesmo com indícios de irregularidades, o então procurador Jefferson deu o parecer favorável à contratação.

Segundo o colaborador, o prefeito ficaria com metade do lucro obtido pela empresa. Já Bento Lima, secretário na época, era contra a contratação, porque recebia propina da empresa que já prestava esse serviço ao município. Isso teria causado atraso na contratação.

Mario Alexandre, então, negociou que uma outra empresa –que prestava serviços na área da saúde– dos investigados fosse contratada. Esse contrato já tinha sido investigado na Operação Anóxia, da PF, em 2020, mas na época não havia indícios de participação do prefeito, o que só ocorreu após a delação.

Ainda de acordo com a TV, os empresários arcaram com gastos do prefeito, como festas, para conseguir o contrato de coleta de lixo.

Durante a delação, o colaborador ainda contou que Bento Lima era o responsável por receber a propina para o prefeito a partir dos recursos destinados pela prefeitura para manter um hospital de campanha montado na pandemia.

Fonte: Terra

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