
O Brasil fez quase 11 milhões de testes de Covid-19 desde o início da pandemia, mas apenas 38% deles são do tipo RT-PCR – capaz de identificar se o vírus ainda está ativo no corpo humano –, segundo um levantamento exclusivo do G1 junto às secretarias estaduais de saúde.
(Correção: O G1 errou ao apontar que AL tinha 100.204 exames sorológicos realizados até a data verificada. O total correto é 50.102. A correção, que refletiu nos dados nacionais, foi feita na reportagem às 19h14.)
Especialistas ouvidos pelo Jornal Hoje alertam que a testagem no país não é eficaz uma vez que no Brasil se fazem mais testes sorológicos – que revelam quem já teve o vírus – do que exames RT-PCR. É só a partir desse segundo tipo que é possível identificar as infecções e rastrear contatos.
O Ministério da Saúde separa os testes para o novo coronavírus em duas categorias: RT-PCR e sorológicos.
O RT-PCR é o que analisa uma amostra do material genético coletado na narina e garganta do paciente para detectar a presença ou não do vírus ativo no organismo dela. Para isso é necessária uma máquina específica de laboratório, e por isso ele leva mais tempo para ser processado.
Já na categoria de testes sorológicos existem vários tipos de testes, com metodologias distintas e que podem ou não ser feitos fora dos laboratórios.
A pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Tatiane Moraes, explicou que ao se fazer testes sorológicos, “estamos olhando para o passado”. Ela explica que ele não é indicado para controlar a pandemia e serve como um registro de quem já se infectou.
“Pode ser há um mês atrás, há duas semanas atrás, a gente não sabe”, disse Moraes. “A gente não vê, a gente não identifica uma política de testagem. Quando a gente fala de política de testagem – é qual é a prioridade de teste. O tipo de teste e qual a prioridade por grupo que deve ser testado.”
Alta positividade
A taxa de positividade – que compara o número de resultados positivos para o vírus em relação aos testes realizados no país – dos exames de Covid-19 segue alta no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, ela está em 32,6%. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que este número não passe dos 5%.
O Ministério da Saúde informou em um comunicado que vem realizando ações para ampliar o diagnóstico da Covid-19 e que o Brasil estendeu a testagem para todos os pacientes com casos leves da doença no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério disse ainda que a média diária de exames realizados passou de 1.148 em março, para 22.711 em agosto.
