
Maestro Francisco Antônio Vasconcelos, completaria este ano de 2021, se vivo estivesse, 160 anos, então vou descrever um pouco da sua biografia, ele que foi meu avô que tanto estimei.
O Maestro Vasconcelos nasceu em Aracaju-Sergipe no dia 02 de fevereiro de 1861 e faleceu no dia 15 de janeiro de 1958, filho de Antônio Vasconcelos e Maria Vasconcelos, morreu praticamente aos 97 anos, faltando apenas 18 dias, para o seu aniversário, encontra-se enterrado na cidade de Itambé-Ba.
Ainda jovem aprendeu música e chegaria ao topo tornando-se um maestro, que na época era muito conhecido na Bahia e em outros Estados, ele tocava vários instrumentos, violino, órgão, piano, trombone, trompa e trompete.
No ano de 1909 esteve morando em Vitória da Conquista, quando exerceu a função de maestro da Filarmônica Aurora Fraternal, juntamente com o seu colega maestro Joaquim Pedro Moreira, sendo fundadores os senhores Deoclides Pereira de Novais, Demostenes Alves da Rocha, Alziro Prates e Dona Eutália dos Santos Silva. Fundada em 1910 a Sociedade Filarmônica Vitória Conquistense e em 1925, a Filarmônica Santa Cecília, as quais o maestro Vasconcelos teve participação ativa. Mais tarde mudou-se para Salvador e foi convidado para integrar uma Orquestra que participaria de viagens de excursão a bordo de navio para países europeus, depois passou a ser regente da Banda Militar na capital Baiana.
Posteriormente, retorna a Vitória da Conquista e foi convidado pelos Doutores, Regis Pacheco, Crescêncio Silveira e Nicanor José Ferreira, poeta Euclides Dantas e jornalista Camillo de Jesus Lima para que participasse da criação de uma Filarmônica nessa cidade, em princípio ele deveria permanecer por 30 dias para dá o pontapé inicial, mas gostou tanto da cidade que não mais retornou a Salvador. Neste período além da criação da filarmônica em Conquista tornou-se professor na formação de vários músicos, começava então o ensinamento da música aos seus filhos, meu tio e padrinho Francisco Vasconcelos, popular “CHICO TROMBONE” e ao meu pai Otacílio Vasconcelos Santos, conhecido por “DEDÉ MÚSICO”, que mora em Itambé e continua fazendo apresentações musicais.
Após a 2ª Guerra Mundial em 1946, Maestro Vasconcelos foi convidado pelos Senhores Rogério Gusmão, Osório Gusmão e Dr. Auterives Maciel, todos da cidade de Itambé, com a finalidade de dar o ponta pé inicial para formação de uma Filarmônica, houve o interesse de vários jovens para o aprendizado, a Filarmônica chegou a fazer uma apresentação na praça, no entanto por motivos políticos da época a filarmônica não prosperou.
Ainda tive o privilégio de conviver com meu avô, lembranças que não apagaram da minha memória, a primeira, ele gostava de usar um terno branco de linho e chapéu e vez por outra eu o acompanhava segurando a sua mão, quando do deslocamento da nossa casa para a residência do meu padrinho Chico ao lado da antiga fábrica de manteiga “GAROTA”, e a segunda era ele subindo a ladeira em direção a Igreja Católica já com seus 95 anos mais ou menos. Mesmo com a idade avançada participava das missas na Igreja Católica Matriz de Itambé tocando órgão.
“O Maestro Vasconcelos foi o autor do “Glorioso São Sebastião” primeiro Hino a São Sebastião Padroeiro da Cidade de Itambé, posteriormente substituído, também o Hino da Cidade de Vitória da Conquista que tem a Letra de Euclides Dantas e a Música do Maestro Vasconcelos.
Ele foi homenageado com a colocação do seu nome na Filarmônica de Vitória da Conquista: “Filarmônica Maestro Vasconcelos”. O que para nós da família é uma honra muito grande saber como foi o maestro para aquele período de tantas dificuldades, levando à juventude da época a musicalidade como expressão maior da arte.
É importante salientar, para que chegasse ao nome de Filarmônica Maestro Vasconcelos, existia uma Sociedade Lítero-musical de Vitória da Conquista, que em 10 de outubro de 1963, convocou uma eleição e após o resultado assumiram os seguintes cargos: Para Presidente, Dr. Edgar Pereira Gama, Vice Presidente, Demétrio Teixeira de Amorim Filho, 1º e 2º Secretários, Miguel Jaconde e Aníbal Lopes Viana, 1º e 2º Tesoureiros, Clarindo José da Silva e Artur Pereira Saldanha, Oradores, Dr. José Gil Moreira e Altamirando Aurino de Novais Silva, Conselho Fiscal, Dr. Fernando Dantas Alves, Dr. Raymundo Oldegar de Azevedo e Juvenal de Oliveira, Suplentes, Dr. Crésio Dantas Alves, Jacob de Domingos e Antônio Dias Rebouças. Após a posse, em seguida tratou-se de qual nome seria dado a Filarmônica, que anteriormente foi feito pelo “O Jornal de Conquista” direção de Aníbal Lopes Viana, pesquisa essa votada pelo povo para escolher o nome da Filarmônica, que obteve através de cupons votados os seguintes nomes: “Euterpe Conquistense” 2 votos, “Dez de Setembro” 2 votos, “Cruzeiros do Sul” 1 voto, “Lira Santa Cecília” 1 voto, “Lira Conquistense” 3 votos, “Vitória” 11 votos e “Maestro Vasconcelos” 14 votos.
A pedido do Presidente Dr. Edgar Gama, o segundo secretário Jornalista Aníbal Lopes Viana, “fez uma exposição sobre a pessoa do Maestro Vasconcelos, pois muitos dos presentes ignorava a razão da homenagem do nome. Explicou o secretário que o nome vitorioso bem merecia a homenagem, pois a bem dizer, foi em Conquista professor de música de uma geração e que Francisco Antônio de Vasconcelos, de saudosa memória, teria sido músico de primeira classe (primeiro pistom) da Banda da Marinha de Guerra, no tempo da Revolta de Custódio de Melo, deixou aquela Banda de Música e veio para Salvador, onde ingressou como músico, também de primeira classe, na histórica Banda de Música da Polícia Militar, vindo posteriormente, para Vitória da Conquista, onde regeu a Filarmônica Aurora, depois a Filarmônica Vitória, a Filarmônica Santa Cecília e outras, nunca mais se retirando de Conquista, que ele a chamava de “terra do meu coração”. Disse ainda o expositor que tinha certeza que o povo conquistense apoiava a escolha do nome como justa homenagem ao exímio musicista que em Conquista viveu por mais de 50 anos ensinando música a um grande número de conquistenses, hoje bons músicos, por diletantismo uns e profissionais outros e que deixou belas músicas escritas, veio a falecer em Itambé Bahia, aos quase chegando 97 anos de idade, ainda ensinando música”.
Jayr de Almeida Santos, é Itambéense, admirador do esporte, Militar do Exército Brasileiro, tendo iniciado em São Paulo, depois Rio de Janeiro. Encerrando sua carreira em Brasília, como Major da Reserva e atualmente morando em Brasília, participou por várias vezes a serviço da Nação Brasileira de missão de solidariedade em países da África.

3 Comentários
é uma bela história, parabéns pela família. abraço . Daniel Libânio.
é uma bela história, parabéns pela família. abraço
Parabéns! É a história da musicalidade itambeense e de um extraordinário e ínclito maestro. Viva a nossa música! Viva a nossa cultura.
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