A menina não fala, não anda, é totalmente dependente da mãe e dos irmãos.
Dinalva Souza de Carvalho é o nome de uma mulher simples, guerreira e completamente comprometida com a vida dos seus filhos. Ela é residente da Rua José Casales, em uma casa situada em frente ao Posto de Saúde da Família do Bairro Felipe Achy. Teve dez filhos. Destes, seis continuam vivos. Estando entre eles, Eliana Souza de Carvalho, 27 anos, todos vividos em cima de uma cama.
Vítima de paralisia infantil ainda bebê, Eliana é a Luciana da vida real, guardando claro, as devidas diferenças de ordem econômica, social e situacional. A filha da Dona Dinalva não anda, não fala, é totalmente dependente da mãe e dos irmãos, que lhe dão banho e comida. As únicas expressões transmitidas pela menina são o riso e o choro. Não se pode pensar que o riso signifique puramente o sentimento de alegria, seja talvez a demonstração, para aqueles que a vêem e que se comunicam com ela, de que a sua coragem para viver continua.
Tempo bastante difícil já foi resistido pela família, principalmente quando a menina não recebia benefício do governo. A mãe era desempregada e o pai fazia pequenos bicos. A pouca renda mensal era quase toda destinada à alimentação e os cuidados de Eliana. “Às vezes nós ficavamos sem pagar a água, a luz, para comprar as coisinhas dela. Mas não me arrependo nunca de ter feito isso. Tudo que fiz e faço, é por ela, declarou a mãe emocionada.
Por várias momentos, quando não existia o PSF em frente a casa, no Bairro Felipe Achy, a família pagava um carro para locomover Eliana a um outro posto de saúde da cidade, onde era realizado o tratamento dentário da menina. “A chegada do PSF aqui para o Bairro facilitou demais pra gente. Antigamente pra levar ela para arrancar os dentes era preciso pagar um carro”, disse Jussara Santana, a nora de Dona Dinalva , que também ajuda nos cuidados de Eliana.
Já na casa as coisas não sofreram tantas mudanças . Atualmente, a mãe é cardíaca, e por conta disso foi impedida pelo médico de pegar peso. Ela não trabalha, dedica-se por completo a Eliana. O pai , que tem problemas na coluna,continua fazendo bicos. Alguns dos outros filhos se casaram. Hoje a família sobrevive com o pouco do pai, dos filhos que ajudam no sustento, e com o benefício do governo que recebe Eliana. “Moacir foi quem ajudou Eliana a encostar”, refere-se Dinalva ao prefeito de Itambé, que quando criança foi acometido pela Paralisia Infantil. Nele, a doença também deixou sequelas.
Os dramas enfrentados pela família persistem. O banho de Eliana por exemplo, feito com a ajuda da irmã de 21 anos, é realizado em uma bacia. Sem falar que poucas foram as vezes que a menina teve a oportunidade de ver a luz do sol, ou de contemplar a luz das estrelas, por não dispor de uma cadeira de roda equipada e compatível com suas necessidades. “Meu sonho é uma cadeira de roda para ela, mas as dificuldades não nos permite comprar, abaixando a cabeça para olhar a foto da filha, afirmou Dinalva.
Dinalva, uma das personagens principais de uma trama cheia de obstáculos, demonstra ser uma mulher feliz. Como qualquer outra mãe deste mundo ela não carrega dentro de si poder sobrenatural algum. O único poder que ela e as demais mães possuem, é o de amar. O amor que enxerga luz onde habita a escuridão; que enxerga flores em caminhos de pedras; que enxerga uma vida nova para Eliana em meio a uma realidade contrária, cruel, e por diversas vezes antagonista da história. “Eu me considero uma mulher feliz, porque tenho ela e os meus outros filhos do lado, disse Dinalva, a mãe de Eliana.
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