A centralização do poder não é o caminho. Além dela impedir o livre debate de ideias, que pode ter o interesse de contribuir para o amadurecimento e crescimento de um determinado grupo social, por muitas das vezes é um instrumento de distanciamento de universos que precisam viver em constante interação, como é o caso, por exemplo, de líderes e liderados. Sendo ela, também, uma atravanca aos processos que exigem soluções rápidas.
Há ainda quem defenda o exercício do poder que ignora as múltiplas identidades existentes dentro de um organismo, que seguem uma linha de dominação e sufocamento. Para elas, a autonomia não precisa vir acompanhada com o cargo ou função em que ocupa o individuo, simplesmente não vem. Com isso, recorrentemente, os comprometidos e engajados se sentem como apenas envolvidos dentro de um sistema.
Essa situação leva o colaborador a frustração, descorajamento, ao auto desprestigio. Crêem que são mais um. Dão-se conta de que não possuem a devida confiança dos seus administradores.
As perguntas que ficam são: Por que não conceder abertura à aqueles personagens que são próximos da clientela atendida pela empresa, detentores de um largo conhecimento da realidade, suas potencialidades e problemáticas, durante a tomada de decisões e planejamentos de propostas que objetivam aumentar a qualidade de serviços prestados? Por que não permitir a expressão de quem também garante um saldo comercial positivo e um alcance social importante para a empresa?
A centralidade cala as vozes. A centralidade usada com frequência desencadeia a desagregação de uma empresa ou orgão público, por não motivar o sentimento de pertencimento. A centralidade tem as suas vantagens? Tem, principalmente quando é necessário manter informações em sigilo, na elaboração de projetos estratégicos, mas tem o seu valor contestado no momento em que dá destaque a passividade e subestima a criticidades das pessoas.
Descentralizar é o rumo que se deve tomar os líderes que querem dar agilidade aos processos. Não é o poder nas mãos de muitos, são muitos construindo de maneira autônoma e responsável a empresa em que trabalham. Deixar o outro calado pode não ser o melhor jeito de fazer ouvir a sua voz.