Gavetas onde os corpos são transportados espalhadas pela lateral do prédio, ar condicionados enferrujados, paredes com infiltrações e bolores. Esse é o cenário que caracteriza o IML de Vitória da Conquista.
Daniela Viana, Luiz Pedro Passos e Paula Pereira
Com uma equipe composta atualmente por nove médicos legistas, dois peritos odonto e sete peritos criminais, prestando serviços a cerca de trinta e cinco cidades da região sudoeste, o Departamento de Polícia Técnica (DPT)/Instituto Médico Legal (IML) de Vitória da Conquista sofre com a precariedade existente em sua estrutura física e de trabalho.
Segundo a coordenadora regional do DPT, Isnara Martins, a maior parte das dificuldades que interferem no atendimento digno aos usuários, advém de deficiências encontradas nas instalações elétrica e hidráulica do prédio. “O IML de Conquista existe há mais de vinte anos e nunca passou por reforma, por ser um prédio público precisa estar se estruturando”, disse a coordenadora, informando que muitas vezes os profissionais são impedidos de realizar a necropsia no período da noite devido à ausência de iluminação adequada. “Nós temos esse prejuízo. Às vezes o corpo chega à noite e só é liberado pela manhã, pois as lâmpadas das salas onde as autopsias são realizadas não funcionam, impedindo o trabalho dos legistas”, acrescenta.
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| Espaço interno do IML |
Outros problemas do prédio são as abundantes infiltrações, partes do teto sem gesso, fios expostos nas paredes, escassez de profissionais para a limpeza do local, portas com os vidros quebrados fechadas por carrinhos e botijões, péssima estrutura do necrotério, falta de alas para as famílias que fazem a identificação dos corpos e para as funerárias responsáveis pelo sepultamento. “A reforma do necrotério deve ser feita em caráter emergencial. Precisamos de salas que dêem acomodação às famílias, pois esse é um local onde recebemos mortes violentas. As pessoas chegam abaladas para reconhecer o corpo, por conta disso necessitam de um acompanhamento especializado”, diz a coordenadora.
Para o gerente de uma funerária, Paulo Oliveira, um dos piores problemas está relacionado ao atendimento em horários especiais. “Eu já cheguei ao IML várias vezes de madrugada e não fui atendido. Precisei esperar até amanhecer o dia”, relata Paulo, dizendo que a estrutura do prédio é péssima, principalmente no que tange à segurança do ambiente. “Faz-se necessário a construção de um muro ao redor do local. É preciso também melhorar a limpeza, pois devido ao mau cheiro fica impossível permanecer no salão onde o corpo é preparado”.
Uma outra deficiência apontada pela coordenadora é a falta de recursos humanos. O IML de Conquista não dispõe de peritos criminais, tais como biólogos, geólogos e engenheiros. Por conta disso, os laudos que deveriam ser feitos por esses profissionais são encaminhados para Salvador, o que ocasiona o atraso dos processos.
A reforma do IML, como informou a coordenadora, foi solicitada desde 2008 e reforçada em fevereiro de 2009, quando Isnara assumiu o cargo e elaborou um relatório com as informações necessárias para pleitear a reforma junto à Secretaria de Segurança Pública da Bahia. No mês de julho, representantes do governo estadual visitaram o IML a fim de analisarem as condições do local. Na oportunidade eles garantiram que no prazo máximo de 30 dias pequenos reparos seriam feitos no prédio. “A verba que eles têm é pouca. É para cuidar de coisas menores, então espero que façam pelo menos a parte hidráulica e elétrica do prédio”, manifesta.
Conforme o deputado estadual, Jean Fabrício Falcão (PC do B), o Instituto de Perícia Técnica da cidade de Conquista, assim como os demais da Bahia, se encontra em situação caótica e precária. “Os institutos não tem nenhuma qualidade e nem condições de funcionamento. A população depara com serviços de péssimo estado”, afirma. O deputado declarou também que todas as formas de conversações políticas foram realizadas em reuniões e discussões com o governo, e eles garantiram que o recurso para a reforma será liberado.
Em reunião com o prefeito da cidade, Guilherme Menezes, Isnara solicitou o apoio do gestor à luta. Na ocasião o mesmo se dispôs a dar sustentação ao pedido junto ao atual Secretário de Segurança Pública do Estado, Maurício Teles Barbosa.
Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Impresso I do curso de Comunicação Social da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
