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Doméstica se passava por espírito para pedir presentes à patroa

Por Reginaldo Spínola
Uma dona de casa se surpreendeu ao encontrar ‘mensagens do
além’ espalhadas pela residência em Carmo da Cachoeira, no sul de Minas. A
idosa, de 74 anos, acreditou que estava sendo chamada por espíritos. Os
recados, na verdade, eram escritos pela empregada doméstica que usava os
bilhetes para pedir presentes, de eletrodomésticos até uma casa própria.
Dagmar Costa, de 44 anos, manteve a farsa e enganou  Shirlei Aparecida da Costa durante um ano.—
Ela falava ‘vem ver o que está escrito aqui’. E eu, curiosa, fui tomando
conhecimento das coisas que ela passava para mim e fui acreditando. As
mensagens apareciam na sala, na cama do meu quarto, na cozinha, em todo local.
Dagmar dizia à patroa que as mensagens eram escritas por
espíritos. O conteúdo das cartas, muitas vezes com palavras de conforto, fez
com que em pouco tempo a aposentada começasse a acreditar na veracidade dos
bilhetes. Com o passar do tempo, os recados de apoio e paz começaram a ser
substituídos por pedidos, que sempre favoreciam a empregada da casa.
Ao todo, foram mais de 400 mensagens, todas escritas em
papel sulfite e com a mesma caligrafia. Uma delas diz que é para a idosa ajudar
Dagmar a encontrar uma casa para morar com o marido. A maioria das cartas é
assinada com o mesmo nome, ‘João de Deus’.
Em outras cartas, o tal espírito é direto e pede ajuda para
Dagmar comprar uma geladeira. A família da idosa, que mora em São Paulo, matou
a charada. Para a filha de Shirlei, Eliane Munhoz, não havia dúvidas: a
empregada era quem escrevia as cartas.— Todas as mensagens têm a mesma letra,
os mesmos erros, então, a gente percebeu que era uma falcatrua da Dagmar.
A vontade da idosa era demitir a empregada logo nos
primeiros dias. Mas, em uma das cartas, o suposto espírito pedia para que a
mulher não fosse demitida. Além das mensagens, objetos começaram a sumir dentro
da casa.— Sumia linguiça da geladeira, doce, perfume. E ela sempre falando que
eram os espíritos.
Depois de tentar encontrar uma maneira de mostrar a verdade,
a família resolveu gravar a ação da golpista. Dagmar foi filmada escrevendo as
mensagens e colocando as folhas em cima de uma cama. Com as imagens em mãos,
filho e nora da idosa chamaram a empregada para uma conversa, que também foi
gravada, em que ela admite o golpe.
As duas se conheceram por acaso e a empregada se tornou
confidente da aposentada. A família decidiu registrar boletim de ocorrência e a
funcionária foi demitida. Dagmar foi procurada, mas não foi encontrada para
comentar as denúncias. A Polícia Civil de Varginha, que investiga o caso,
informou que a doméstica deve responder por estelionato.

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