Início Bahia Após morte de indígena, governador da Bahia sanciona lei que cria Companhia de Mediação de Conflitos Agrários

Após morte de indígena, governador da Bahia sanciona lei que cria Companhia de Mediação de Conflitos Agrários

Por Reginaldo Spínola

Em meio à repercussão da morte da indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) sancionou nesta segunda-ferira (22), a Lei de Reestruturação Organizacional. A legislação permite a criação da Companhia de Mediação de Conflitos Agrários e Urbanos (Cimcau) da Polícia Militar.

Trata-se de um departamento dedicado a questões que envolvem povos originários, comunidades tradicionais, movimentos sociais e grandes coletividades de pessoas. Nesse sentido, conflitos relacionados à posse de terras, como o que vitimou a indígena, serão tratados pela companhia.

“É essencial que o estado tenha uma companhia que trate dos temas de crises, de conflitos rurais e urbanos, de forma exclusiva e estratégica. A criação dessa e de outras unidades faz parte do compromisso do Governo do Estado em fortalecer o trabalho das nossas forças de segurança”, disse Rodrigues.

O texto foi sancionado durante agenda da gestão em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador.

A companhia foi instalada na capital baiana, mas a atuação da PM vai abranger também o interior.

De acordo com a gestão estadual, a iniciativa dá à Bahia um instrumento inovador de policiamento ostensivo, a fim de qualificar a resposta do Estado para casos complexos de disputas fundiárias em que há risco de confronto. A Cimcau vai trabalhar junto à coordenação de conflitos fundiários da Polícia Civil, também criada pelo governador.

O major José Pinho da Silva estará à frente da companhia, responsável pelo planejamento, coordenação e execução das ações de segurança pública durante o cumprimento de mandados judiciais de manutenção ou reintegração de posse.

  • O governo estadual afirma que os policiais militares que atuarão na unidade terão formação especializada em:
  • mediação de conflitos;
  • gestão de crise;
  • estrutura agrária do Brasil;
  • combate ao racismo e promoção dos direitos de povos e comunidades tradicionais, podendo intervir de maneira preventiva e intersetorial.

Disputa de terras

A indígena Maria Fátia Muniz de Andrade, do povo Pataxó Hã Hã Hai, foi morta, e o irmão dela, o cacique Nailton Muniz Pataxó, foi baleado no domingo (21). O crime ocorreu em Potiraguá, cidade no sul da Bahia.

No mesmo dia, os suspeitos, identificados como fazendeiros da região, foram presos.

Segundo o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens. Eles teriam convocado fazendeiros e comerciantes para recuperarem, por meios próprios e sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas no último sábado (20). Os ruralistas teriam cercado a área reivindicada pelos Pataxó com dezenas de veículos.

A Polícia Militar conta que um ruralista foi ferido com uma flechada no braço, mas o quadro de saúde do homem é estável. Em meio à ação policial, quatro armas de fogo encontradas com os fazendeiros foram apreendidas e encaminhadas para o Departamento de Policia Técnica (DPT).

O caso é investigado pela Delegacia de Itapetinga e acompanhado pela Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul).

O MPI também acompanha a apuração. Nesta segunda (22), uma comitiva liderada pela ministra Sonia Guajajara desembarcou no Aeroporto de Ilhéus, no sul do estado, para visitar indígenas feridas e a aldeia do grupo.

Compartilhe esse post com seus amigos

mais Postagens interessantes

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site. Ao clicar em "aceitar" assumiremos que você concorda com o uso que fazemos dos cookies. Concordo Clique AQUI e tenha mais informações

Política de Privacidade