Faleceu as 18:40h de domingo (07), em uma unidade de saúde em Vitória da Conquista, o Sr. Joaquim de Jesus, o famoso Tigre Negro de Cassilândia.
A notícia de sua morte causou bastante comoção entre os moradores, pela pessoa que ele representa no distrito, desde a década de 60.
Considerado um mito em Cassilândia, distrito de Itambé, Tigre Negro faleceu após complicação em seu quadro de saúde, que se encontrava bastante fragilizado.
Pai de 12 filhos e avô de 38 netos, Tigre Negro está sendo velado na casa Paroquial, na Praça Sebastião Roxo, no centro do distrito.
O sepultamento será às 17:00h, no cemitério municipal local.
Sua história
Em meados dos anos 60, uma tourada se apresentava no distrito, tendo como domador de touros, o grande Tigre Negro, nome artístico do Joaquim de Jesus. Com um porte físico bem definido, esbanjando alegria, ele chamou à atenção dos moradores por suas grandes atuações ao dominar o touro. Iniciou-se então, a paixão de Tigre Negro por Cassilândia. Chegando a hora da trupe partir, ele havia tomado a decisão de não mais seguir com a tourada, se integrando para sempre a essa comunidade.
Com grande conhecimento como eletricista, em um distrito onde a eletricidade era precária, Tigre Negro prestou assistência à população, até ser contratado pela prefeitura – na época do então prefeito Sidney Almeida, para resolver os problemas do distrito com a iluminação pública e outros serviços. Com o passar do tempo ele foi efetivado como servidor municipal e constituiu família, cravando de vez a sua permanência em Cassilândia.
Sempre ativo, Tigre Negro também se destacou como locutor de programa musical, no serviço de auto-falantes distribuído pelo distrito, chamado “A Voz do Progresso”, onde ele aumentou a sua popularidade entre os moradores.
Por um bom período, Tigre Negro prestou serviço também na segurança do distrito, atuando como Guarda Municipal.
Em 1989, aconteceu o fato que marcou seu nome na história de Cassilândia. Durante às eleições municipais, Tigre Negro, com grande fé que o candidato Dirceu Carneiro honraria o distrito de Cassilândia, ele fez uma promessa, caso se consagrasse a vitória do seu candidato. Vitória confirmada nas urnas e Tigre Negro honrou a sua promessa, carregando uma imensa cruz nas costas, andando do distrito até a sede Itambé. Por esse grande feito, destacado pela imprensa local, na época, ele nunca mais foi esquecido pelos itambeenses.
Unindo a gratidão e a eficiência do trabalho, Tigre Negro foi nomeado pelo então prefeito Dirceu Carneiro, administrador de Cassilândia, onde também passou resolver os problemas de abastecimento de água no distrito, deixado pela Embasa.
Em meados do ano 2000, foi criado através do Pároco do município, Padre Juraci Marden, a rádio comunitária do distrito, onde Tigre Negro apresentava o seu programa diário, de muita expressão entre os ouvintes, chamado “O Rancho do Caboclo”. Na época ele gostava de tocar as músicas caipiras de raiz, contava ‘causos’ e, também, declamava poesias. A rádio acabou não seguindo à frente e Tigre Negro, decepcionado, ficou muito abalado, pois havia descoberto uma nova paixão. Durante um período, ele ainda tentou uma mobilização para reativar a rádio, mas, sem sucesso, sua paixão havia ficado para trás.
Ao longo dos anos, Tigre Negro foi um guerreiro no trabalho duro, sempre em prol do da comunidade cassilandense. Com o avanço da idade, logo veio a aposentadoria e ele passou a se dedicar à lavoura com a família na zona rural.
Com o corpo cansado e a saúde fragilizada, atualmente, aos 75 anos, ele vivia com os filhos em Vitória da Conquista para ter uma melhor condição de tratamentos médicos.
Em sua última visita a Cassilândia, nos festejos juninos deste ano, ele pediu aos amigos, em uma roda de bate papo, que quando Deus a chamasse, que não sepultassem ele em cova, mas sim, em uma gaveta fúnebre, e que colocasse uma placa com a seguinte escrita no seu túmulo “O Descanso do Tigre”.