Criminosos em grupos de compra e venda no Facebook usam o espaço para tentar comercializar produtos ilegais, entre eles notas falsas de dinheiro e cartões de crédito clonados. Nas postagens, eles alertam para o que chamam de ‘dinheiro fácil’ em época de crise e garantem a eficácia do negócio. A Polícia Civil alerta que tanto a venda como a compra desse tipo de produto é considerada crime, com punição de três a 12 anos de prisão.
Os grupos são criados por internautas com a finalidade de comercializar produtos usados com preço menor e oferecer serviços em geral. Os espaços, que reúnem milhares de membros, têm chamado a atenção de golpistas para práticas ilegais. O G1 encontrou criminosos agindo em páginas do Vale do Paraíba.
As postagens são feitas usando um perfil falso – sem as informações reais do dono. No anúncio de dinheiro falso, um perfil oferece R$ 2 mil em notas falsas pela quantia de R$ 150 em dinheiro real. O criminoso oferece até R$ 5 mil em notas copiadas, que custariam R$ 300 aos compradores.
No anúncio o vendedor garante que as notas passam no teste da caneta e luz negra – que é um detector de notas falsas.
Em conversa com a reportagem do G1, durante uma simulação de interesse na compra, o criminoso garante a segurança do envio do dinheiro e oferece dicas sobre como colocar as notas falsas em circulação. Elas seriam enviadas pelo correio após depósito em uma conta cadastrada no estado da Bahia. “Trabalho há 4 anos, nunca tive problemas. Sigilo total”, garantiu o vendedor na troca de mensagens.
A reportagem não finalizou o pedido de compra.
Em outra postagem, um perfil feminino oferece além de notas fakes, cartões clonados de vários bancos e bandeiras. Os itens também seriam enviados por correio, após depósito bancário.
Em todos os casos o contato é feito com pessoas de DDD de outras cidades e as agências onde devem ser feitos os depósitos são de outros estados, como Bahia e Mato Grosso. A Polícia Civil explica que esse modo de operação dificulta a identificação dos envolvidos, que muitas vezes não são da região onde é feito o anúncio, mas fazem parte de quadrilhas que agem em todo o país.
A responsabilidade sobre a fiscalização deste tipo de crime é da Polícia Federal. A PF informou que a ação infringe o artigo 289 do Código Penal. Segundo a lei, falsificar, fabricar ou alterar moeda metálica ou papel moeda de curso legal no país ou no estrangeiro é crime, com pena que varia de três a 12 anos de prisão e multa.
A lei não se aplica apenas a quem vende as notas, mas também a quem adquire e coloca as notas em circulação.
Aqueles que se arriscam a tentar adquirir esse tipo de material também estão sujeitos a diferentes riscos – os fraudadores podem ficar com contatos e outras informações dos interessados, por exemplo.
O Facebook, onde as postagens foram encontradas pela reportagem, informou por meio de nota que os padrões de comunidade proíbem o uso da rede social para facilitar ou organizar atividades criminosas que causem danos financeiros a pessoas ou negócios.
“Removemos qualquer conteúdo desse tipo assim que ficamos cientes. Encorajamos as pessoas a denunciarem conteúdos questionáveis na plataforma para que nossos especialistas possam revisar esses materiais rapidamente”, afirmou trecho da nota do Facebook.
Os correios foram procurados neste domingo (26) e o G1 aguardava um retorno. //G1
