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Três suspeitos de participação no ataque à Prosegur morrem em confronto com a PM

Por Reginaldo Spínola

Três suspeitos de participação no ataque à sede regional da empresa de valores Prosegur, em Eunápolis, ocorrido na última segunda-feira (5), foram mortos em uma troca de tiros na manhã deste domingo (11). Outros dois suspeitos foram baleados, mas acabaram conseguindo fugir durante o cerco das polícias Civil e Militar em Porto Seguro.

Os cinco suspeitos estavam escondidos perto das localidades conhecidas como Mercado do Povo e Vila Parracho, no Sul da Bahia. Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Mata Atlântica, do Grupamento Aéreo (Graer) e do 8° Batalhão de Polícia Militar (BPM/Porto Seguro) chegaram até o grupo após uma denúncia anônima.

Segundo informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os criminosos foram cercados pela polícia. Houve troca de tiros. Três suspeitos foram atingidos e socorridos pelos agentes, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. Os outros dois suspeitos foram atingidos, mas conseguiram fugir pela densa mata.

“Todas as equipes ostensivas e investigativas se comprometeram em dar a resposta para aquela ação criminosa. Vamos trabalhar para chegarmos nos outros envolvidos, desarticulando toda a quadrilha”, disse através de nota o secretário de Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa.

A SSP negou ao CORREIO que a investigação tenha apontado participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no ataque, segundo publicado em primeira mão na coluna Satélite, deste sábado (10). O envolvimento do PCC foi revelado à Satélite por fontes do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), unidade da Polícia Civil que concentra as investigações sobre o caso. Além do modus operandi típico dos assaltos cinematográficos orquestrados pelo PCC, uma série de indícios liga a facção paulista à ação que aterrorizou a cidade do Extremo Sul baiano. Em especial, o tipo de munição utilizado pelos bandidos.

Ainda segundo a coluna, logo após o ataque, investigadores recolheram várias cápsulas de Lapua .338 Magnum, calibre fabricado para fuzis de precisão. Feita artesanalmente e vendida por cerca de R$ 100 cada, a munição é a preferida dos atiradores de elite do PCC. O uso de carros blindados e de carga de explosivos em pranchas de madeira, outra marca da facção, também reforçaram as suspeitas.

Terror em Eunápolis

A ação criminosa que contou com cerca de 40 criminosos foi considerada ousada pela polícia. Um vigilante foi morto na explosão. Os bandidos usaram armas de grosso calibre que, segundo a Polícia Militar, eram fuzis 762 e 556 e metralhadoras ponto 50, usadas em ataques antiaéreos, segundo a polícia. As armas são de uso restrito das forças armadas. Tiros para cima foram disparados em todo momento como forma de impor o terror na cidade.

“Eu tinha acabado de sair do banho quando começaram os disparos por volta de 0h30. De início eu achei que fosse até os pipocos de energia do poste, mas aí começou a aumentar, ir rápido, com rajadas como de metralhadora mesmo”, disse o administrador de empresas Phelipe Fadini, 35, que mora no 1º andar de um prédio a 400 metros da Prosegur.

“Quando os tiros começaram a acelerar, foi quando vi que era tiro. E às 0h46 veio a explosão. Foi um barulho muito alto”, contou ele, que lembra ainda de ter visto que uma viatura fugiu da área onde ocorria o crime.

O barulho da explosão foi tão alto que o atendente da única farmácia 24 horas da cidade, Narciso Neto, ouviu do bairro Pequi, no lado oposto à BR-101, a cerca de 5 km da Prosegur. “O povo acordou e ficou doido querendo saber o que era. Aí foi chegando notícia pelo celular”, disse.

Sem acesso ao cofre

A ação dos bandidos, apesar de bem orquestrada, teve o objetivo frustrado. Assim pode ser resumido o ato criminoso que deixou um rastro de destruição na cidade de 115 mil habitantes.

Apesar de matarem um vigilante da empresa e ferir outros quatro, usar bananas de dinamite para explodir a empresa Prosegur, incendiar carros em frente ao quartel da Polícia Militar e a duas companhias especializadas da PM (Caema e Rondesp), bloquear acessos nas rodovias BRs 101 e 367 e disparar tiros de fuzis e metralhadoras, os bandidos fugiram de Eunápolis sem levar quase nada.

Segundo a Polícia Civil, os criminosos, devido à explosão que danificou os escritórios da empresa, tiveram acesso apenas à tesouraria, onde havia pouco dinheiro. O cofre, principal alvo, não foi sequer danificado. Até o início da noite desta terça, a empresa ainda não tinha prestado queixa do crime e nenhum bandido havia sido localizado.

Vigilante morto no ataque, Elivar revidou tiros e acabou atingido

Ação deste tipo nunca tinha ocorrido no município que é o 19º mais violento do Brasil no Atlas da Violência 2017, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com taxa de homicídios de 53,7 por 100 mil habitantes – a Organização das Nações Unidas (ONU) tolera índice de até 10 homicídios por 100 mil.

Após 40 minutos de ação, os criminosos deixaram para trás, durante a fuga, cinco bananas de dinamite, recolhidas pelo esquadrão antibomba do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), única unidade da PM que pode manusear material do tipo. As dinamites foram levadas para perícia.

A vítima fatal da ação dos bandidos foi o vigilante Elivar Ferreira Nadier Sobrinho, 46. Ele estava na guarita da empresa quando os criminosos chegaram e chegou a trocar tiros, segundo a polícia.

Outros quatro funcionários da empresa que estavam na tesouraria ficaram feridos pelos escombros do teto que caíram devido à explosão. Eles estão hospitalizados, mas sem correr risco de morte. Uma loja de roupas femininas teve a vidraça quebrada pelos tiros.

Investigação

A Prosegur não revelou se alguma quantia foi levada da tesouraria da empresa. Sobre o cofre, declarou que “o ataque foi frustrado graças à instalação de sistemas de segurança e tecnologia de ponta, tornando o acesso ao dinheiro inviável e por isso os valores não foram levados pelos bandidos.”

“Lamentamos a morte de nosso colaborador e esperamos que as autoridades estaduais e federais se mobilizem de forma conjunta, com ações preventivas e repressivas para conter esses ataques de alta magnitude que só trazem prejuízo para todos os envolvidos, incluindo a sociedade”, comunicou a empresa.

A companhia informou que “está dando toda assistência aos feridos e à disposição das autoridades locais, colaborando para o andamento das investigações”, as quais indicam que os criminosos fugiram para Minas Gerais, possivelmente em um caminhão-baú, segundo apurou a Polícia Civil.

Na manhã desta terça, a PM encontrou quatro veículos usados no crime na zona rural de Belmonte, cidade também do Extremo Sul. Os veículos, dentre eles uma picape Strada preta, estavam vazios. As polícias da região estão em alerta e fazendo buscas, o que será continuado nesta quarta.

O major Florisvaldo Ribeiro, comandante da 7ª Companhia Independente de Polícia Militar em Eunápolis, ao comentar a ação dos bandidos, declarou que “foi um momento que tivemos de agir com cautela”. “Estamos com reforço na cidade e logo em breve vamos dar uma resposta à sociedade, com a prisão desses bandidos”, comentou.

Para o delegado Hermano Costa, titular da Delegacia de Furtos e Roubos, a ação dos bandidos “foi algo muito orquestrado, jamais esperado na cidade. Um crime de extrema ousadia”. “A polícia ficou encurralada, sem poder sair”, concluiu. // Fonte: Correio 24 horas

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