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Pai e filho são incinerados vivos

Por Reginaldo Spínola
Vilhena, RO – Dagner Lemes
Pereira, de 17 anos, se aprontou para ir com o pai até a Fazenda Vilhena. Há
meses o adolescente procurava emprego. Ajudar o pai, João Pereira Sobrinho, que
era vaqueiro, seria uma oportunidade de ganhar algum dinheiro e fazer o que
mais gostava: cuidar do gado e andar a cavalo. Em 14 de outubro de 2015, pai e
filho partiram pela Linha Farinheira, um estirão de chão batido e areia fofa
que serpenteia plantações de soja e milho e avança pela área plana de Vilhena,
Rondônia, nas beiras com Mato Grosso.
O adolescente era o caçula de
quatro filhos. Nascido em Cerejeiras, município vizinho de Vilhena, tinha um
jeito pacato, mas era popular nas redes sociais. O gosto por viver enfiado no
meio do mato, trabalhando em currais e pastos, não atrapalhava o cultivo de 1,6
mil amigos na internet. Três dias após chegar à fazenda, Dagner entraria para a
lista de crimes hediondos no campo.
A chacina da Fazenda Vilhena foi
a mais trágica da zona rural de Rondônia nos últimos 20 anos. Em 14 de outubro,
três dias antes do massacre, a propriedade havia passado por reintegração de
posse. As cerca de 70 famílias que ocupavam a área desde junho, todas ligadas à
Associação dos Produtores Rurais de Nova Canaã, tinham sido informadas semanas
antes sobre a ordem judicial para deixarem o local. A Justiça havia decidido
que a fazenda era produtiva, possuía plano de manejo florestal e tinha os
papéis em ordem.
Quando a polícia foi fazer a
reintegração, viu que as famílias já tinham deixado a fazenda sem resistência.
Barracos erguidos na beira da estrada haviam sido derrubados. No mesmo dia, a
família Fontes Beltran, que alega ser dona da fazenda desde 1995, enviou quatro
trabalhadores para cuidar do lugar e reconstruir cercas. Entre eles, Dagner e
seu pai, João.
Tiros e fogo
Na tarde daquele sábado, por
volta das 17h30, pai e filho estavam sentados sob um limoeiro, na sede do Lote
95 da Vilhena. Conversavam com outros dois empregados da fazenda, Ariovaldo
Nunes da Silva, de 57 anos, e Arivaldo Bezerra dos Santos, de 55 anos, e dois
vizinhos, Daniel Aciari, de 67 anos, e João Fernandes da Silva, de 52 anos. Foi
quando veio o primeiro disparo. Daniel foi atingido por um tiro fatal na nuca.
O caseiro Ariovaldo, que estava ao lado de Daniel, correu para o mato e
conseguiu escapar. No desespero, Dagner, o pai e os outros dois, Arivaldo e
João Fernandes, se refugiaram dentro da casa. Veio a saraivada de balas que
durou cerca de meia hora.
Assassinos entraram e balearam as
quatro pessoas. Arivaldo levou um tiro nas costas e se fingiu de morto. Antes
de deixarem o local, os executores encharcaram um colchão com gasolina e
jogaram sobre seu corpo. Quando o fogo começou a engolir a madeira seca da
casa, eles montaram em suas motos e foram embora.
Baleado, Arivaldo conseguiu se
livrar do colchão incendiado e se arrastou para fora da casa. Foi socorrido
horas depois e sobreviveu. À Polícia Civil, contou que viu a casa ruir em
chamas e ouviu os últimos gritos de Dagner, que morreu carbonizado ao lado do
pai.
Por segurança, Arivaldo deixou
Rondônia após receber alta. Não teve a mesma sorte, porém, seu irmão José
Bezerra dos Santos, de 64 anos, que naquele dia trabalhava a 2 km da Vilhena e
também foi morto.
O Estado visitou a região três
semanas após a chacina. A sede da fazenda resumia-se a um amontoado de cinzas.
A cena perturbadora estava praticamente intacta. Do local, foram retirados
apenas os corpos carbonizados. Um cachorro magricela passeava por cima do que
restou de um serrote, uma cavadeira e duas foices. “Nunca lidei com um
caso tão brutal”, resumiu o delegado da cidade, Fábio Campos.
Ameaça
Poucos dias depois da chacina, um
tio de Dagner, Altamiro Lemes Castanho, recebeu uma ligação de um orelhão.
“Altamiro, você tá fudido. Eu vou acabar com você”, diz ter ouvido. A
conversa teria durado pouco, mas o bastante para Altamiro identificar a voz de
Ilário Danelli, o Índio Branco, um antigo colega de futebol. Índio Branco,
homem de confiança na Associação Nova Canaã, havia sabido há pouco que o garoto
que ele havia assassinado, Dagner, era sobrinho de seu amigo Altamiro.
A mãe e os irmãos de Dagner Lemes
Pereira ainda moram em Vilhena. Abalados e com medo de represálias, não
quiseram gravar entrevista. Um irmão de Dagner também recebeu telefonas com
ameaças e deixou a cidade. 
Além de Índio Branco, a polícia
investiga a participação de outras cinco pessoas, todas foragidas. A chacina
ocorreu em meio à pressão dos assentados sobre a entidade. A Nova Canaã cobrava
R$ 180 de cada pessoa para inscrição no grupo e mensalidade de R$ 15. Quem foi
para o acampamento desembolsou outros R$ 300 para mantimentos. Havia promessa
de entrega de um pedaço de terra. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo. (Estadão Conteúdo)
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2 Comentários

Anônimo 10 de julho de 2016 - 15:20

O esse caso aconteceu em
2015 e vienro posta agora
Regianaldo ta atrazado com
Essa materia meu irmão

Anônimo 10 de julho de 2016 - 15:18

Esses assasinos já têm
Quando morre ja têm o
Lugar certo vão todos
Entra na boca do dragão
Esses miseráveis ,quando
Acaba digo que o brasil não
Têm o Estado islamico.
Tá ai os terrorista do estado
Islâmico

Comentários estão fechados.

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