Início Bahia Pesquisador da Uesb desenvolve projeto com tecnologias digitais para escolas públicas

Pesquisador da Uesb desenvolve projeto com tecnologias digitais para escolas públicas

Por Reginaldo Spínola

Entre os muitos desafios enfrentados pela educação contemporânea, a dissonância dos processos educacionais com a nova e complexa cultura digital tem sido alvo de debates sobre os seus usos, dificuldades, potencialidades e expectativas. Diante desse cenário, uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Uesb buscou soluções inovadoras e criativas para os problemas cotidianos relacionados aos usos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) no âmbito escolar.

Como resultado do estudo, foi desenvolvido o projeto “Pequenos Polegares”, que tem o objetivo de desenvolver espaços escolares inovadores mediados pelas TDICs, capazes de acompanhar a nova cultura digital em rede, promovendo a autonomia e o exercício da cidadania por parte de todos os atores educacionais através de processos criativos e contextualizados para novos modos de ensinar e aprender. O nome escolhido para o projeto faz alusão à geração polegar, também conhecida como geração touch, composta por uma juventude que cresce com os dedos sobre aparelhos que funcionam com a tecnologia touch screen (tela sensível ao toque).

Rogério Gusmão, pesquisador responsável pela pesquisa e idealização do projeto, explica que a intenção é promover a inclusão digital, através do letramento digital crítico. Assim, é possível garantir o direito de alunos e professores de usufruírem das tecnologias digitais da informação e comunicação em sala de aula de forma ativa, aliando-se às propostas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a promoção de processos de ensino-aprendizagem significativos.

O projeto foi apresentado à Secretaria da Educação de Vitória da Conquista e será implantado, de forma piloto, na Escola Municipal Professora Helena Cristália. Segundo o secretário de Educação e professor da Uesb, Edgard Larry, é preciso pensar na escola como um espaço de continuidade da vida dos alunos, instituindo métodos pedagógicos que dialoguem com as tecnologias digitais no sentido de proporcionar a interação, a colaboração, a troca de saberes e o letramento digital crítico.

“A Prefeitura vem incentivando as parcerias com as universidades da nossa cidade, por entendemos ser esse o caminho para encontrarmos soluções inovadoras e efetivas para os desafios encontrados na contemporaneidade, além de valorizar os sujeitos envolvidos nesses projetos. Na Educação, em especial, essas parcerias têm trazido muitos frutos e o Projeto Pequenos Polegares é um grande exemplo disto”, ressalta o secretário.

Percurso da pesquisa – Rogério destaca que a inserção dessas tecnologias na prática foi um dos desafios encontrados no desenvolvimento do estudo. Com o retorno recente do ensino presencial após uma experiência desgastante com o ensino remoto emergencial aplicado durante a pandemia de Covid-19, o pesquisador conta que encontrou um corpo docente exausto, fato que promoveu certa resistência em participação na pesquisa. “Optamos por uma escola que estivesse localizada na periferia da cidade e atendesse alunos que vivenciassem realidades sociais diversas. A Escola Municipal Professora Helena Cristália, além de atender à comunidade da Urbis VI, atua com assentamentos quilombolas localizados nas proximidades”, explica.

O estudo contou com a participação de quatro professores para a produção de dados. De acordo com o pesquisador, foi possível identificar que o maior problema enfrentado pela escola, no que diz respeito ao uso das tecnologias, está ligado à ausência de uma infraestrutura destinada ao uso das tecnologias digitais para fins pedagógicos.

A pesquisa teve como objetivo aplicar o Design Thinking, uma estratégia desenvolvida por grandes empresas americanas que visa buscar soluções inovadoras para problemas. Dessa forma, o intuito era apresentar alternativas para os desafios revelados no campo da pesquisa. Através de encontros dialógicos, a pesquisa realizou etapas de reconhecimento do desafio e do campo, planejamento, mapa da empatia, ideação brainstorming, prototipagem e aplicação.

Após a execução de todo esse processo, foi possível compreender a necessidade de criar um projeto que gerasse interesse por parte da persona definida pelo grupo, apontando a necessidade de efetuar divulgações do produto gerado, identificando a importância da criação de uma identidade visual que facilitasse a sua apresentação.

Histórias de vida e formação – Durante o processo da pesquisa em campo, iniciada em novembro de 2021 e finalizada em setembro de 2022, muitos dados foram produzidos. Entre eles, com o intuito de conhecer os sujeitos praticantes da pesquisa, foi utilizado o método (auto)biográfico que, com ênfase nas histórias dos sujeitos em todas as dimensões que os constituem e nas conexões estabelecidas com a sua própria formação, utiliza as narrativas como dispositivo capaz de dar voz aos sujeitos, honrando as suas histórias de vida.

Rogério explica que o processo se dá através do uso da palavra como expressão da singularidade e subjetividade em um contexto peculiar do cotidiano. Assim, é possível abrir espaço para o compartilhamento de modos próprios de como os sujeitos vivem, interagem, aprendem, resistem e abrem caminhos para superar as adversidades da vida. Esta etapa acabou gerando um livro intitulado “Histórias de Vida e Formação de Professores”.

Conheça outras pesquisas no site do “Ciência na Uesb”

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